segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Adeus Soldado I

O motivo para entrar na guerra lhe foi dado. O que ele sempre sonhou lhe foi ofertado. A doce ilusão de buscar um sonho distante o fez lutar, mesmo sem ele saber quais adversários enfrentaria em seu campo de batalhas. Talvez cego pelo desejo de vitória, deixou de perceber detalhes fundamentais. As batalhas começaram, e a guerra começava a cobrar seu preço. Os primeiros passos foram calmos, sentidos atentos buscando informações, observando tudo o que era possível. Aos poucos a confiança ganhou força, a cada momento tomava forma, ganhava espaço. A cada dia que passava, a derrota se aproximava, e ele dominado pela sua sede de vitórias, nem se dava conta do quanto a confiança o fez mal. Nas primeiras investidas obteve o sucesso, ao menos era o que ele imaginava. Parecia um começo promissor, um indicativo de que a missão teria um fim positivo. Pobre rapaz, mal sabia ele que de nada adiantaria enfrentar todos os inimigos. Por mais que se queira, enfrentar o mundo sozinho não é uma tarefa fácil. Uma hora você cai, e levantar-se pode não ser tão simples assim. A primeira queda aconteceu, mas a adrenalina estava alta demais para permanecer muito tempo no chão. Recuperar-se do golpe não demorou, uma nova dose de confiança o tomou por inteiro, mas  continuar era em vão, o fim já estava decretado. Mesmo tentando manter a esperança viva, o amargo gosto da derrota começava a ser sentido em sua boca. Ele mantinha sua fé, caindo e levantando, curando as feridas e seguindo a diante, ainda acreditando que chegaria ao seu dia de glória. O dia que não chegou.  Mesmo sem ter condições ele quis ir em frente, suas forças já não eram mais as mesmas, agora ele podia ver a face de seus inimigos, sabia exatamente quem e o que estava enfrentando por todo esse tempo. Dessa vez não pode se recompor. Dessa vez, viria o golpe letal. Mesmo ali no chão passou-lhe um filme em sua mente, imagens de tudo o que ele um dia sonhou, do que desejou e lutou para conseguir, talvez não dá maneira correta. Apesar das feridas abertas, ele teve a convicção de que tudo aquilo foi uma das melhores coisas que já pretendeu. O tempo estava acabando e ele não receberia uma medalha de honra pela sua luta, mas sim uma cova rasa. Morrer como homem é o prêmio da guerra. Talvez não seja o mais justo, talvez seja esse o preço a ser pago, talvez seja o que há de mais digno nesse momento. Jogaram o soldado na cova, ele não vai mais voltar.

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